Quando o escritor moçambicano Mia Couto, um dos mais importantes nomes da moderna literatura na língua portuguesa, leu seu texto “Murar o Medo”, nas Conferências do Estoril, realizadas em Portugal em 2011, tocou na maior ferida da humanidade. Temos medo desde as nossas origens, quando sem luz procuramos abrigo dentro de cavernas contra inimigos reais e imaginários.
A humanidade evoluiu, foi ao espaço, aumentou seu conhecimento e o medo continua lá, sempre a nossa espera. O poder está sempre com quem tem a capacidade de provocar o medo, seja ele físico, moral, espiritual ou psicológico. O medo vence porque ele não tem medo. O medo se basta, é intangível e presumo, infinito. Talvez seja essa a nossa sina, para viver, precisamos temer.
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Existe uma saída contra o medo? Segundo José Saramago, outro grande escritor português, vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 1998, em um artigo publicado na Folha de São Paulo, em 1991, é possível, mas só depende de nós mesmos: basta dizer não!
“A palavra de que eu gosto mais é não. Chega sempre um momento na nossa vida em que é necessário dizer não. O não é a única coisa efetivamente transformadora, que nega o status quo. Aquilo que é tende
sempre a instalar-se, a beneficiar injustamente de um estatuto de autoridade. É o momento em que é necessário dizer não. A fatalidade do não – ou a nossa própria fatalidade – é que não há nenhum não que não se converta em sim. Ele é absorvido e temos que viver mais um tempo com o sim.”
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Texto extraído da crônica publicada no jornal A Voz da Serra, edição de 7 de dezembro de 2012.
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O próprio ato de pensar já é uma sinalização de medo. Eu tenho medo, muito medo. Durmo com o medo e acordo com o medo, tomo meu café com medo, trabalho com medo, enfim tudo que faço o faço com medo, sou uma pessoa medrosa pois penso o tempo todo e isso é sinal de ter medo, rssss.
Só brincando um pouquinho. Ótimo post, abração! 🙂
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Mas é verdade, Kambami, só evoluimos porque tinhamos medo do escuro e dos predadores. E continuamos evoluindo porque temos medo do desconhecido. Obrigado e um abração.
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🙂
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Esta semana, acho que amanhã, Mia Couto estará na Biblioteca Parque Estadual, na Praça da República. Vale a pena conferir.
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Foi ontem, dia 19, das 11 às 13 horas, Leandro. Pena que não deu para ir. Aliás, descobri que ainda não conheço a Biblioteca Parque! Um abração e obrigado pela dica.
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Então desculpe pela dica errada. Devo ter me confundido. A BPE é um ótimo passeio. Durante a semana, vale a pena almoçar lá, no PF da lanchonete do subsolo.
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Vou conhecer sim, meu caro Leandro. Obrigado e um bom fim de semana.
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Assisti o texto todo. Sensacional
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E é mesmo, Mariel!
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